E chegou o dia de conhecer o Mar Morto! Quem diria?! Tinha curiosidade há tempos mas confesso que nunca procurei saber muito sobre ele. Sabia que as pessoas boiavam lá devido à alta salinidade das suas águas e também vinham lampejos de memória de haver visto produtos de beleza associados às suas propriedades medicinais. Mas era só.
Por causa do seu nome, creio eu, a imagem mental que eu tinha era de um mar de coloração densa e opaca e rodeado de uma paisagem hostil e tristonha.
Porém… chegou o dia de conhecê-lo e lá fomos nós!
Nesse dia, em outubro de 2018, a primeira parada havia sido Massada, onde há um sítio arqueológico sobre o qual contarei outro dia. É, meus queridos, aqui a ordem cronológica não é respeitada, como já puderam perceber.
A primeira vez que vi o Mar Morto foi, então, do alto da Fortaleza de Massada. Onde tudo era bege e arenoso, despontava sinuosamente, pertinho do horizonte, um rio de cor azul bebê esfumado como um detalhe de uma obra de Leonardo. Pelo menos foi assim que eu o vi.
Mas, espera um pouco… Rio?? Então, não é um mar? Não. E também não é um rio, mas um lago de água salgada. Talvez venha daí o seu nome, já que os lagos na sua grande maioria, têm água doce. O que ocorre é que qualquer água doce que entre no lago, não tem por onde sair, evaporando-se e, consequentemente, deixando os sais minerais ali, aumentando a sua concentração. A água vem, principalmente, do Rio Jordão.
Já o “Morto” vem do fato de lá quase não haver vida, por causa da grande — eu disse grande — concentração de sal. Bom, vida aquática, né? Porque, de seres humanos não havia escassez.
Vale lembrar que, no caminho de Massada ao Mar Morto, a estrada ia contornando o lago, dando a sensação de que até poderia ser acessível por qualquer um dos pontos do seu perímetro. No entanto, um amigo nosso, que é de Israel, nos advertiu de que é um tanto perigoso entrar no Mar Morto aleatoriamente, já que, em algumas partes, há rachaduras no fundo e parece que a pressão atmosférica pode fazer com que essas rachaduras “puxem” uma pessoa em sua direção. Nunca tinha ouvido falar disso, mas me convenceu prontamente.
O mais recomendável, se você estiver em Israel, é, portanto, ir a Ein Bokek, onde, além de não haver rachaduras sugadoras, há uma infraestrutura em volta, com um pequeno comércio e hotéis. Aliás, era bem comum ver pessoas se dirigindo ao Mar Morto, pelas ruas da região, já vestidas de roupão branco e calçando chinelos, também brancos, de usar dentro do quarto, sabem como?
Em um primeiro momento, não entendi por quê. Depois vi que todos vinham de um hotel. Certamente, o outfit vinha de lá. Mas, de qualquer forma, achei engraçado usar chinelos de quarto para ir à praia. Ok, não é uma praia mas, tecnicamente, sim.
Achei simpático e informativo colocarem uma plaquinha dizendo que estávamos a 338 metros abaixo do nível do mar. A região é a depressão mais profunda do planeta, chegando a 411 metros de profundidade. Dito assim, até pode não parecer grande coisa. Mas faça o exercício mental de imaginar que, a 411 metros acima de você está a superfície dos mares do mundo. É de pirar, né?
A essa altura eu já estava ansiosa para ver o Mar Morto de perto e boiar, claro. Aliás, o mais impressionante não é boiar, já que isso você pode fazer em qualquer praia ou piscina. O divertido mesmo é que é impossível não boiar.
Você pode se colocar em qualquer posição que não vai afundar de jeito nenhum. E nem tente mergulhar! Além de ter que fazer uma força hercúlea para que aquela água teimosa pare de te empurrar para cima, é perigoso para a saúde. Tem a ver com pressão, então não façam esse esforço para, ainda por cima, se darem mal. Além disso, a água é super salgada e não convém abrir os olhos abaixo da superfície.
Não preciso nem dizer que é melhor não fazer a barba ou se depilar no dia anterior, né? A menos que queira se torturar numa salmoura. Eu me lembrei bem disso e passei a dica aos meus amigos. É algo óbvio, mas que qualquer um pode se esquecer.
Eu só sei que eu entrei na água e não queria sair dali. É realmente incrível a sensação, tão diferente do habitual. Ah, e o fundo é puro sal, praticamente. Enquanto que a margem tem areia, a base por baixo da água é uma pasta branca e não encontro nenhum outra explicação que não seja dizer que era sal.
Só saí do mar mesmo quando começou a chover e também porque o sol já começava a se por e ainda tínhamos que ir para outro lugar, passar a noite em um acampamento beduíno.
É impressionante como o tato da pele e dos cabelos mudou depois desse banho no Mar Morto. Pareciam uma seda. Mas era apenas uma sensação mesmo, já que visualmente não vi diferença. O que achei engraçado foi que, depois de sair dali, fomos para o tal acampamento, que estava há mais ou menos 1 hora de carro, jantamos, para não perdermos a hora do jantar e, mesmo depois desse tempo todo, o cabelo estava molhado. Surreal! Não sei qual seria a explicação para isso. Alguém?
Agora fiquem com essas belas imagens do Mar Azul Bebê! Digo, Mar Morto.
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Estava com saudades dos seus textos!!
Obrigada, Isabela! Obrigada pela visita e pelo comentário. Beijinhos!