O lado assustador de Paris

Foto de Paris do alto da Catedral de Notre Dame. Vê-se um pátio com muitas pessoas, o rio, muito edifícios e, ao fundo, a Torre Eiffel.

Do alto da Catedral de Notre Dame.

Dia desses estava tomando café com uma amiga que recentemente esteve em Paris. Falávamos sobre como a cidade é cara e um simples copo de suco de laranja pode vir acompanhado de uma conta de 8 euros. Oito euros!

É uma das cidades para onde é mais difícil conseguir alojamento bom e barato perto do centro. A outra é Londres. Mas o assunto era Paris. E eu estava lembrando de como, por exemplo, a alimentação à base de crepes de rua é o que há. Reservava um dinheiro apenas para, um dia, almoçar em um restaurante e ter uma experiência gastronômica para além do mundo dos crepes. Ainda bem que existem vários recheios.

Mas o lado assustador do título não se refere aos preços. Isso porque eu já tinha uma noção de como seria esse assunto por lá.

Foto do Louvre com a pirâmide.

Museu do Louvre e sua pirâmide.

Foto minha no Louvre. Vê-se a Monalisa ao fundo.

Momento do encontro com Mona.

A primeira vez em que estive na cidade luz foi em 2009. Eu era bolsista de um programa de ajudas do governo espanhol para estrangeiros. Recebia uma bolsa boa mas meu pensamento era “quem junta sempre tem”. Naquela época eu morava e estudava em Barcelona e, quando havia algum feriado, eu aproveitava para viajar. Antes desse tempo, eu só tinha viajado com a minha família. Então, aquela foi a época do descobrimento de uma coisa fantástica chamada “albergue”.

Albergues são alojamentos baratos e ótimos quando o objetivo é ter um teto onde se abrigar na hora de dormir e um armário onde guardar os seus pertences enquanto passa o dia inteiro passeando, conhecendo e se divertindo pela cidade que você escolheu para passar uns dias.

Selfie com a Catedral de Notre Dame atrás.

Selfie com a Notre Dame.

Antes de pensar em ir a Paris, eu já havia estado em albergues de Barcelona, Valencia e Lisboa. E tinham me parecido todos ótimos. Baratos e muito bons. Houve aquele incidente no de Lisboa, mas foi um caso isolado. Espero, né? Será que alguém mais ficou preso naquele banheiro? Acho que não.

Enfim. Quando decidi conhecer Paris, em maio de 2009, eu fui toda garotona acessar o Google para encontrar um albergue. Não sei como está agora mas, naquela ocasião, eu só achei albergues aparentemente ruins e baratos ou aparentemente bons e mais caros. Mais caros para o que eu queria gastar, claro. Não me lembro de, naquela época, haver recursos como Tripadvisor. Eu, pelo menos, não os utilizava. Então, os meus critérios de seleção eram o valor da diária, a localização, a beleza das fotos e se incluía café-da-manhã ou não.

A solução foi reservar em um hotel mesmo, mas mais longe do centro, onde o valor da diária era mais baixo. Chegando lá, estava bem direitinho o lugar. Limpo e me inspirou confiança. O básico, mas era isso mesmo que eu queria. Os dias inteiros eram passados andando por Paris e só voltava à noite mesmo, para dormir.

Eu ao lado de um jardim com flores.

Descansando os pés.

Rio Sena e bateau mouches.

Rio Sena e bateau-mouche.

Se bem me lembro, foram quatro dias fazendo uma “varredura” em Paris, indo aos lugares mais importantes no que se refere a interesse turístico. E três noites de repouso total nesse hotel, já que a cidade é relativamente grande e, quando se quer conhecer o máximo possível de um lugar tão cheio de atrações tão variadas e interessantes, caminhar pelo ambiente urbano é o que há de melhor. E isso me deixava bastante cansada no final do dia e desejando chegar ao hotel para repor as energias e acordar cedo no dia seguinte.

Eu disse três noites de repouso total? Mentira. Na terceira noite, algo totalmente inesperado aconteceu.

Pois bem, na fatídica terceira noite, no final de um dia de turismo, chego ao hotel, entro pela portaria, passo pela recepção, cumprimento a recepcionista, entro no elevador e subo para o quarto. Abro a porta e…

Em milésimos de segundo, um filme passa pela minha cabeça. Um filme nonsense, desses sem lógica. Tinha uma pessoa desconhecida sentada na minha cama! Esta foi a primeiríssima impressão que tive (e certeza, ainda que apenas durante frações de segundo). Eu estava assustada e, quando você entra num ambiente previsível e encontra o improvável, isso deixa a cabeça bagunçada.

Parecia uma eternidade até eu juntar lé com cré e compreender o que estava se passando. Quero dizer, compreender o que se passou, eu não compreendi até hoje. Mas, aos poucos fui reparando que a tal pessoa sentada na minha cama não tinha cabeça. Entendi também que sua roupa era parte do meu pijama. Por fim, entendi que aquilo era um boneco feito com lençóis e cobertor enrolados. Uma brincadeirinha de alguém da equipe de arrumação do hotel. Que graça.

Eu me sentei na cama e me perguntei: “Por quê? Por quê???”

Nunca tinha visto algo semelhante ou ouvido falar sobre esse tipo de coisa. Estou tentando superar o trauma até hoje.

Vista de Paris ao anoitecer, do alto da Torre Eiffel.

Transformando-se em Cidade Luz. Anoitecer visto do alto da Torre Eiffel.

Torre Eiffel, à noite, iluminada.

Torre Eiffel dando seu show.

Foto do tal boneco em cima da cama, feito com lençol, cobertor e pijama.

O tal boneco. À primeira vista era muito mais aterrorizante. Na minha memória, tinha cabeça e tudo!

Leia também:

:: o lado POÉTICO de PARIS ::

:: o lado AVENTURESCO de IR A UM BANHEIRO DE LISBOA ::

4 pensou em “o lado ASSUSTADOR de PARIS

  1. Sonia Mano

    ok, querida. esta quase me venceu. Já cheguei no meu quarto e encontrei um homem dormindo na minha cama.. tudo foi explicado, certo, entendi que ele percebeu que mais alguém estava dormindo no quarto mas estava muito cansado da viagem, deitou e dormiu. Argentinos são engraçados, não?
    mas camareiras/os brincalhões assim eu nunca tinha ouvido falar..
    Viajar tem isso de bom, né? A gente coleciona histórias inusitadas.. que bom que você compartilha as suas conosco.
    beijo grande.

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    1. facebook-profile-pictureAdriana Rivas Autor do post

      Caramba, Sonia! Encontrar uma pessoa de verdade na cama é bem pior mesmo. Principalmente porque você teve que convencer o sujeito a sair dali. No meu caso, eu só tive que desmontar o boneco. :) Sim, argentinos são muito engraçados. Obrigada pelo comentário, Sonia! Beijinhos!

      Responder

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