O lado criativo que há em você.

Sala de palestras. A impressora em cima de uma mesa e várias pessoas observando-a e conversando sobre o tema.

Momento de pausa na palestra para observar a impressora 3D e seus “filhos”.

Na última sexta-feira, fui ao Google Campus Madrid para assistir a uma palestra sobre impressão 3D. Eu já havia estado lá antes, no final do ano passado, só para conhecer o lugar. Google Campus é um espaço gerido pela Google e tem como objetivo servir de local para qualquer pessoa que queira trabalhar em projeto próprio e, de quebra, conhecer outros empreendedores.

A área de uso comum é uma cafeteria que, no Campus Madrid, se chama Do Eat! Com wi-fi grátis e um ambiente bastante agradável, a Do Eat! é um ótimo lugar para desenvolver ideias, fazer reuniões e se impregnar do espírito empreendedor.

Para ter acesso, basta ser membro. E, para ser membro, basta se cadastrar pela internet ou presencialmente. Eu me cadastrei pela internet e, no primeiro dia em que estive lá, dei meu nome na recepção e recebi um cartão de identificação e acesso ao lugar.

O espaço também oferece consultorias gratuitas para quem tem uma ideia, um projeto. Para quem está iniciando uma empresa. Ou seja, para quem tem uma startup. Além de workshops e palestras, que foi o que me levou até lá semana passada.

Pois, muito bem, vamos à impressão 3D!

A impressora e dois objetos impressos por ela.

A Witbox 2 e dois objetos impressos por ela.

Impressora 3D é um nome bem engraçado, já que todas as impressoras, em si, são 3D! Todas são objetos de três dimensões no espaço: largura, altura e profundidade. Ou estou equivocada? Até mesmo a denominação “impressora” é estranha para mim, neste caso. Quando fiz um curso de modelagem 3D em 2005 no INT, Rio de Janeiro, no final os alunos assistiram a uma demonstração de prototipagem rápida. E a máquina que a realizava era algo parecido com as festejadas impressoras 3D de hoje.

Penso eu que o nome “impressora 3D” foi preferido para que os consumidores se sentissem mais próximos a esse novo bichinho tecnológico, fazendo analogia às impressoras convencionais. Mas confesso que, a primeira vez que li esse nome, achei confuso e não soube visualizar na minha cabeça o que era isso até ler sobre ela. Já faz um tempinho que isso aconteceu.

Particularmente, acho ruim essa nomenclatura. Dá um ar de magia e confunde o seu entendimento. Quando alguém lê, pela primeira vez, que “uma casa foi inteiramente impressa”, a pessoa ou fica na mesma, sem saber o que foi que aconteceu com a casa ou imagina que a casa está revestida de tinta ou toner. É ou não é?

Quando, finalmente, a pessoa descobre que foi uma impressora que “construiu” a casa em questão, fica parecendo mágica. Afinal, como um objeto corriqueiro, uma impressora, pode fazer algo tão complexo como uma casa?

Digo isto porque os palestrantes tinham como objetivo divulgar a tecnologia e afastar o medo ou o receio que possíveis usuários poderiam ter ao usá-la. Eu penso que, talvez se o nome da máquina não fosse “impressora 3D”, ajudaria um tanto e afastaria essa nebulosidade em torno do que ela é e para que serve.

Os rapazes que deram a palestra eram representantes de uma empresa espanhola chamada bq. Eles falaram sobre vários tipos de impressão 3D e quiseram deixar bem claro que a máquina não tem como principal objetivo fazer bonequinhos, embora ela possa fazer isso sim e muito bem.

As impressoras 3D servem para fazer protótipos de forma barata e rápida, disse um dos conferencistas. E o que é protótipo? Protótipo é um modelo de um objeto, em escala 1:1 (ou seja, do tamanho natural) e que funciona. Enquanto que, para fazer uma peça de plástico industrialmente são necessários moldes, por exemplo, com uma impressora 3D, a peça é feita por deposição de material plástico, sem a necessidade de molde e da etapa de fabricação do mesmo, que é bastante cara.

Um protótipo de uma prótese de uma mão.

Protótipo de prótese impresso em plástico flexível.

Por isso, o uso da impressora 3D queima etapas na realização de uma peça ou objeto. Deste modo, pode-se, com relativa facilidade e pouco dinheiro, ter em mãos um objeto que você projetou. Esse objeto, agora materializado graças à impressora, pode ser testado e sofrer as modificações que você julgar necessárias para uma seguinte versão.

E isto é fantástico! Pois torna mais acessível essa etapa de um projeto.

E como funciona?

Bem, ali no Google Campus, estávamos com a impressora Witbox 2, da marca bq. Trata-se de uma graciosa “caixinha” de faces de metacrilato que podem ser facilmente retiradas. Isso mesmo! A carcaça da impressora foi projetada de modo a facilitar o acesso à sua tecnologia, que é livre. Como disseram os palestrantes, a intenção é que ela seja hackeada a fim de que possa ser melhorada e adaptada a diversas necessidades.

Um ukelele impresso pela Witbox 2 e duas embalagens de laca.

Um ukelele impresso pela Witbox 2 e duas embalagens de laca. A laca gruda o protótipo na bandeja.

A impressora é munida de bobinas de plástico, que são carreteis com fios de… bem… plástico. O mais usado me pareceu ser o PLA (ácido polilático), que é um polímero derivado de recursos renováveis como o amido de milho, de mandioca ou arroz. É biodegradável e está disponível em diversas cores e o pigmento que lhe dá cor também é orgânico. Cada bobina tem 1 kg de material.

Segundo um dos palestrantes, há também PLA termocromo, que muda de cor conforme a temperatura. Que legal!

Dentro da carcaça da impressora, está um extrusor, que é um objeto de metal que expulsa o plástico da bobina, já fundido, por um pequeno orifício. O extrusor vai se movimentando e depositando o plástico numa bandeja, que também se movimenta, de acordo com a informação que recebe de um arquivo que contém a modelagem 3D do objeto que se quer “imprimir”. Ou prototipar, né?

Mas, além do PLA, existem outros materiais chamados de bronze, cobre e madeira. Hã? Extrusão de madeira?

Pois é. Não é madeira exatamente. Trata-se de uma combinação 70% plástico e 30% de madeira. A aparência do produto final é semelhante à de MDF. O mesmo ocorre com o bronze e o cobre. No caso do cobre, a combinação é 80% plástico e 20% de cobre. Interessante.

Ainda sobre a diversidade de materiais, existe um que se chama PVA (acetato de polivinila) e é solúvel em água. Qual a aplicação dele? No caso das impressões 3D, o PVA serve de forma base para sustentar o objeto que está sendo de fato prototipado. Explico:

Se nosso objetivo é, por exemplo, imprimir (humpf!, ainda não me acostumei com esse termo) um modelo de gaivota de PLA, a deposição do plástico que formará as patas vai ocorrer sem mistérios, pois estará ali a bandeja da impressora servindo de base. Porém, quando o extrusor tiver que começar a imprimir a parte que forma o corpo da gaivota, não haverá nenhuma base, pois a barriga da gaivota está, digamos, no ar.

É aí que entra o PVA! Será impresso também um objeto que servirá de apoio para as partes da gaivota que “ficam no ar”. A impressora, neste caso, deve trabalhar com os dois materiais: o PVA e o PLA. Como o PVA é solúvel em água, terminada a impressão, todo o suporte feito de PVA se desintegrará na água, ficando, apenas, o que for PLA, ou seja, a gaivota. Não é o máximo?

Desenho esquemático explicando a assunto sobre o PVA.

Desculpem-se por isto. Mas acho que ajuda a entender. ;-)

E há o Filaflex, o primeiro filamento elástico do mundo, desenvolvido por um espanhol de Valência. A verdade é que o assunto é um mundo de possibilidades.

Para além das capacidades da Witbox 2, existem impressoras que podem imprimir até comida. Imprimir neste sentido de extrudar material e depositá-lo, claro. Pode-se imprimir chocolate, frutas, açúcar e massas.

E também tem sido possível imprimir tecidos animais, fazendo-se uma deposição de células. Mas, óbvio, isto não se faz com uma impressora 3D comum e tal tecnologia está bastante protegida.

E quanto custa essa maravilha de Witbox 2, da bq? A bagatela de 1690 €. A tendência é ficar mais e mais barata, mas esse preço já pode ser considerado acessível. Não para mim, naturalmente.

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Links interessantes:

Site da witbox 2, da bq

. Enabling the future: rede de voluntários que usam a impressão 3D para ajudar a quem precisa

. Thingiverse: para quem quiser baixar modelos 3D a fim de imprimi-los em uma impressora 3D

. 123D design: software de modelagem para quem quiser projetar seus próprios objetos

. FreeCAD: software open-source também de modelagem 3D

. SketchUp: software também de modelagem 3D, com versão grátis

. Google for entrepreneurs: os campi da Google em várias cidades do mundo (ou campuses, tá.)

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2 pensou em “o lado CRIATIVO que há em VOCÊ

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