O lado doloroso de Barcelona

Foto de uma das praias de Barcelona. Tirada da calçada. Vê-se gente exercitando-se na calçada, um prédio que tem um formato que lembra uma baleia, a areia e o mar.

A paisagem é monótona mas, ainda assim, a praia é um grande atrativo da cidade.

Como eu já disse algumas vezes, em 2008-2009, eu morei em Barcelona, onde fazia um curso de pós-graduação. Eu estava empolgada em morar em uma cidade com praia. Não sei por quê. Afinal, até então, eu só tinha morado em uma cidade com praia mesmo, que era Niterói. Vai entender a minha cabeça.

Mas eu sabia que, por chegar no final de setembro a Barcelona, pouca praia eu iria ver. Ou melhor, ver eu iria. Só não iria usufruir de suas águas. E ia ter que esperar o verão chegar para poder ir à praia, no sentido mais comum da expressão. E assim foi.

Logo que a temporada de banhos começou, acho que em junho, eu passei a frequentar algumas da cidade. E me chamou a atenção o fato de haver muitas moças chinesas caminhando pela areia e dizendo aos quatro ventos: “Masaje. Massage.” Assim mesmo, em espanhol e em inglês. E eu nunca me interessei em pagar por uma massagem na praia.

A calçada da praia e a ciclovia. O dia é de sol e palmeiras por toda a orla.

Até onde eu sei, as torres mais altas de Barcelona. Torres Mapfre.

O verão  passou quase que inteiro e, no meu penúltimo dia em Barcelona, antes de eu voltar para o Brasil, eu conheci uma amiga de um amigo de uma amiga minha. Essa moça estava de férias por lá e, como ela é de um país muito frio, queria passar quase todo o tempo na praia e um dia eu a acompanhei.

Ela me contou, então, que no dia anterior tinha aceitado que lhe fizessem massagem. E estava toda contente com o resultado, já que desde então vinha sentindo uma dor incrível nas costas. Segundo ela, quando dói é porque o problema que supostamente se tinha está sendo curado.

Eu nunca tinha tido problemas nas costas em toda a minha vida. Mas, na cabeça sim. Claro! Porque, tendo ouvido ela dizer que, depois da massagem, passou a sentir uma dor bastante notável, eu não duvidei em querer pagar por uma massagem também. É mole ou querem mais?

E lá fui eu toda animada para a praia.

Orla da praia em Barceloneta. A praia não está no enquadramento. Vê-se uma fileira de bicicletas coloridas para aluguel.

Bicicletas esperando para serem alugadas para um passeio, no bairro de Barceloneta.

Chegando lá, havia considerável número de chinesas anunciando suas massagens. Mas essa minha amiga me disse: “Você deveria fazer com a que eu fiz. Ela foi ótima! O nome dela é Lina.” E fiquei eu ali esperando ela reconhecer a Lina entre muitas massagistas chinesas que passavam. Boa sorte!

Como estava difícil ver a Lina passando por ali, minha amiga então disse que ia me indicar alguma outra massagista que passasse e que ela achasse que tinha uma “cara boa”. Objetividade é isso aí.

Por fim, passou alguém assim, segundo ela, e eu a chamei. Recostei-me na canga e a moça chinesa começou. Não posso dizer que era agradável, mas também não estava tão ruim. Um pouco bruta, mas pensei “Vou sair daqui nova”.

Enquanto isso, minha amiga, muito simpática e sempre muito comunicativa, lhe fazia perguntas. “Do you know Lina, from China?” Ao que a moça respondeu, enquanto trabalhava: “Yes, yes.” Ok. Ou a China é um ovo e ninguém me contou ou coincidências são mais comuns do que eu imaginava ou a moça não estava entendendo bulhufas.

A praia e um dos monumentos que a adornam. Parecem três caixas de metal com uma das faces de vidro, empilhadas mas como que na iminência de caírem.

Homenatge a la Barceloneta, da artista alemã Rebecca Horn. O que será que ela quis dizer?

Quando a moça chegou nas minhas pernas, eu vi estrelas. Parecia que suas mãos perfuravam a minha carne. Não sei se ela estava zangada por ter que trabalhar e responder curiosidades ao mesmo tempo. Só sei que eu estava sofrendo. As minhas panturrilhas estavam sendo amassadas com uma força incompreensível. Pensei que ia sair dali toda roxa. Quase lhe pedi desculpas. Porque com certeza eu tinha feito alguma coisa para ela. Só não sabia o quê!

Quando finalmente terminou, ela me disse: “Por mais 5 euros, a cabeça também.” E eu lhe respondi que não, obrigada. Que a cabeça, por favor, a deixasse inteira, visto que o resto do meu corpo estava em frangalhos.

Já sofri algumas vezes na vida, todas de graça. Mas, pagando, foi a primeira vez. E a última.

A construção é metálica e formada por várias peças que lembram escamas.

Peix, do artista Frank Gehry. Para mim sempre será uma baleia.

3 pensou em “o lado DOLOROSO de BARCELONA

  1. Paula Moreira

    Já fiz uma massagem na praia do Porto da Barra em Salvador, o cara tinha uma maca e a massagem usava óleo vegetal aromático, não era ruim, mas realmente não é um local adequado, por mais que eu não estivesse em contato direto com a areia sempre aparecia um grão, ou o próprio sal da água, parecia que arranhava a pele… Sem contar que rola uma vergonha, vc lá de biquini recebendo massagem na vista de todos, acho que eu fiquei mais tensa do que relaxada …ou seja: também não recomendo kkkkk
    Bjs

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  2. Maria Cidália de Figueiredo Rivas

    Adriana, por aqui no Facebook é mais fácil pra gente ler as suas aventuras do oladobomdetudo.com
    Gostei de recordar.
    Realmente não sei o que passou pela sua cabeça pra vc aceitar receber uma massagem sabendo que a sua amiga, ainda no dia seguinte, sentia uma dor incrível justamente onde recebeu a tal massagem.

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