Em Madri existe um centro cultural que eu adoro. É o CaixaForum, gerido pelo banco La Caixa.
A primeira coisa que chama a atenção é o imenso jardim vertical que dá vida à parede do seu pátio externo. Trata-se de uma fachada coberta de plantas e, em algumas temporadas, flores. Vez por outra, passo por ali no momento da rega e é bem simpático de se ver.
Mas não era sobre isso que eu vim aqui escrever.
Dia desses, estive lá para ver uma exposição que me pareceu muito interessante. Chama-se “¡Sorpréndeme!”, sobre o fotógrafo Philippe Halsman. Um belo de um banner com a diva Marilyn Monroe saltando é o convite para entrar no centro cultural e conhecer e admirar a obra de Halsman.
A vida do fotógrafo americano e de origem judaica já começa bem inusitada. Para início de conversa, ele nasceu em Riga que, na época, pertencia ao Império Russo e, depois, passou a ser parte da Letônia. Quando tinha 22 anos, em 1928, enquanto caminhava com seu pai em Tirol, na Áustria, este sofreu um acidente e Philippe foi acusado de matar o próprio pai. É mole?
Não havia testemunhas e o local, Tirol, era marcado por um forte antissemitismo. Foi julgado e punido com dez anos de trabalhos forçados, tendo até sido submetido a confinamento solitário. Sua irmã, Liouba, foi quem se esforçou para inocentá-lo, buscando a ajuda de intelectuais em evidência na época, como Freud e Einstein. Por fim, foi inocentado em 1930.
Na exposição do CaixaForum, uma vasta coleção de imagens captadas e produzidas por Philippe Halsman estão sendo exibidas até o dia 26 de março.
Quando Halsman se mudou para a França, especializou-se em retratista, tendo trabalhado para a Vogue. Muitos retratos de famosos e anônimos cobrem as paredes das primeiras salas da exposição.
Posteriormente, quando se estabeleceu nos Estados Unidos, a revista LIFE marcou sua carreira. Capas e mais capas da importante revista são exibidas e mostram quão significativa foi a contribuição do fotógrafo para o seu desenvolvimento.
No início dos nos 40, Halsman conheceu Salvador Dalí e essa união de mentes criativas deu origem a muitos trabalhos de relevância no cenário artístico, além de servir de promoção para ambos.
Mas a seção da qual eu mais gostei, na exposição, foi a destinada ao Jumpology, projeto pessoal de Philippe Halsman onde ele pretendia, através de imagens de pessoas famosas pulando, captar e revelar a sua verdadeira essência. Ele acreditava que, no momento do pulo, todas as máscaras caíam.
A primeira personalidade a participar do projeto foi Marilyn Monroe. Halsman lhe pediu que saltasse e uma fotografia da diva foi feita. Ela não gostou nada do resultado e, somente anos depois, consentiu ao fotógrafo alguns pulos mais como contribuição ao projeto.
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Muitos outros famosos pularam para Halsman, como Audrey Hepburn, Richard Nixon, Jerry Lewis, Brigitte Bardot, o Duque e a Duquesa de Windsor.
Amei a exposição e gostaria muito de poder mostrar aqui tudo que eu vi lá. Era permitido fotografar, mas eu estava mais ocupada vendo as coletâneas e admirando cada imagem. Por isso, seguem, abaixo, uns bons links para quem quiser se aprofundar na obra de Philippe Halsman.
. site Artsy: tem muito material sobre Philippe Halsman, que inclui mais de 100 de seus trabalhos, artigos exclusivos e informações atualizadas sobre exposições. Vale visitá-lo!