O lado bucólico de Nova York.

Antes de eu conhecer Nova York, em julho de 2019, as pessoas que sabiam que eu em breve estaria lá, me diziam que a cidade era bem parecida com o que temos visto em incontáveis filmes e séries. O corre-corre, os estereótipos, o Central Park, as lojas etc. e tal.

Ocorre que, quando vamos com uma ideia na cabeça, é bastante provável que a experiência seja, na hora H, diferente do esperado. E suspeito que, porque eu pensei que não ia me surpreender com quase nada, me admirei com quase tudo.

Um dos passeios dos quais mais gostei foi a pequena caminhada pelo High Line Park. Ninguém me falou desse lugar e nunca o tinha visto em nenhum filme. Tomei conhecimento da sua existência através de um vídeo no YouTube e, nesse vídeo, o lugar nem aparecia direito, já que a moça que o gravou esteve lá em um dia de muito vento e, bem… Para ela, não foi uma boa experiência.

Fim da linha! O final ou o começo do High Line Park, o viaduto que virou parque.

No entanto, a ideia me agradou muito e eu decidi, a partir daquele momento, que o High Line Park seria um lugar que eu iria conhecer!

Trata-se de um viaduto fora de uso que foi transformado num parque cheio de vida, com belas vistas da cidade (com muito concreto, mas belas sim) e com uma proposta bem inusitada. Pelo menos para mim.

Como estive lá no verão, a caminhada era ainda mais interessante. Com jardins cheinhos de flores, era possível flagrar abelhas e borboletas em tarefa muito importante: a polinização. E, como muitos dos que me conhecem já sabem, uma viagem completa, para mim, é uma viagem com bichinhos. Quase desnecessário dizer que passei alguns bons minutos enquadrando e tentando por em foco essas gracinhas.

Abelha se esbaldando!

Fazia um calor intenso nessa época do ano e, em algum dado momento, vi que havia umas barraquinhas de comidas e bebidas. Não pensei duas vezes em escolher um dos curiosos sabores de picolés que estavam à venda por módicos 4 dólares cada um. Uma das variedades era fios de ouro. Desculpem o gracejo. Eu escolhi o de limão com manjericão e continuei o passeio, posando com ele como se não houvesse amanhã.

O parque vai percorrendo as ruas do West Side de Manhattan e é bem interessante também esse lado curioso que ele tem, de os passantes estarem cara a cara com janelas de edifícios que estão ao longo de toda a sua extensão. Algumas demonstram excelente bom humor em suas decorações.

Além da beleza dos jardins, uma imponente escultura me chamou a atenção. Era a “Brick House”, obra de Simone Leigh, uma homenagem à beleza negra. A figura retrata o rosto de uma mulher negra cujo corpo faz referência a algumas casas típicas africanas. O cabelo da moça está endreadado e cada dread termina com uma conchinha de búzios.

É a primeira escultura monumental da série “Anatomy of Architecture” de Simone Leigh, na qual ela combina formas arquitetônicas de regiões variadas do oeste africano e do sudeste dos Estados Unidos com o corpo humano. O título da obra, “Brick House” significa, literalmente, “Casa de tijolos”, mas é uma expressão americana que remete à força, resistência e integridade que a mulher negra tem. A escultura estará exposta até setembro de 2020, pelo que anuncia o site oficial do parque. Vale lembrar que o parque se encontra fechado atualmente, devido à covid-19.

Saiba mais:

* High Line Park (site oficial)

* Simone Leigh (wikipedia)

Você vai gostar de ler:

:: o lado B de NOTTING HILL ::

:: o lado POÉTICO de MÍKONOS ::

Bela borboleta que apareceu por lá! No meio da cidade, que maravilha!
Detalhe.
Jardim flores mas, também, jardim de artes.

2 pensou em “o lado BUCÓLICO de NOVA YORK

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *