
Gente! O que é aquilo? Uma caverna no meio da cidade?
Em 2013, decidi fazer uma daquelas viagens de trem pela Europa, a Eurail. Há vários preços e o mais baixo se refere a viagens entre cidades de um só país. Sabe-se la por quê, entra nessa categoria o Benelux. Sim, a união econômica que integra Bélgica, Holanda e Luxemburgo. Para a Eurail, o Benelux é “um país”. “Ótimo! Eu queria mesmo ir à Holanda. Assim, aproveito e conheço também algo desses dois outros países vizinhos”, pensei.

Estação de trem fofa.
Luxemburgo muito me surpreendeu positivamente. Cheguei a esse grão-ducado vindo de Amsterdam, na Holanda. Se bem me lembro, foram três horas de viagem. Ao desembarcar do vagão, me deparei com uma estação pequenina, mas muito charmosa. Dei um tempo ali dentro, organizando meu mapa de printscreen que tinha preparado ainda na Holanda. Eu já sabia que o hotel era bem perto da estação ferroviária e então estava bem tranquila sobre isso.
E era perto mesmo. A tarde estava chuvosa e fria, mesmo sendo primavera e, de cara, achei Luxemburgo uma graça, apesar do tempo. Uma cidade pequena, mas com ares de grande centro urbano. Ou seja, tinha o movimento de uma cidade grande, mas com poucas pessoas. Relativamente, claro.
Cidade? O país e a sua capital são xarás. Sendo um importante centro financeiro mundial, possui um Bankenmuseum, “Museu do Banco”, em Alemão, um dos seus três idiomas oficiais, junto com o Francês e — pasmem — o Luxemburguês. Confesso que não sabia da existência deste último antes de estar lá.

O Aqueduto de Luxemburgo, uma cidade muito arborizada.

Linda cidade. Vê-se o edifício onde está o Bankenmuseum, ao fundo à direita.
Muitas outras línguas podem ser escutadas ali, no entanto. Grande parte dos seus habitantes é de estrangeiros e uma percentagem considerável é de portugueses. No hotel mesmo havia muitas portuguesas trabalhando como arrumadeiras. Não preciso nem dizer que me senti em casa. Já disse aqui no blog que a impressão que tenho é a de que todos os portugueses são meus amigos, mesmo sem me conhecerem.
O dia seguinte amanheceu ensolarado, ainda que frio. Sabe? Não me incomodo muito com o frio mas, por favor, que o Sol apareça para alegrar. E lá estava ele! A cidade é bastante arborizada e, sendo primavera, as flores salpicavam cores por todos os lados. Na Praça da Constituição, tinha sido montado um mercadinho temporário de flores que estava um mimo.

Mercado temporário de flores na Praça da Constituição.
Fazendo a minha caminhada exploratória, me chamaram muito a atenção umas cavernas que avistei. Estavam como que incrustadas em uma imensa rocha no meio da urbanização. Aproximei-me e vi que se chamavam Casemates du Bock ou Bock.Kasematten.
O Bock é um rochedo que serviu como uma fortaleza. O Conde Siegfried, em 963, construiu ali o seu castelo, aproveitando a natureza como forma de proteção do que viria a ser Luxemburgo. Mas foi em 1644, no período espanhol, que túneis foram abertos para defesa do castelo. Em 1684, houve mais um incremento, desta vez realizado pelos franceses, que se encarregaram de abrir extensões para, em 1737, os austríacos completarem o magnífico sistema de passagens subterrâneas.

Estas partes foram tranquilas. Não tirei fotos dos corredores mais apertados e sombrios porque estava muito ocupada “freaking out”.
Atualmente, as casamatas, como são chamadas as câmaras dentro do rochedo, estão abertas ao público, sendo uma interessante atração turística. Ali, nas cavernas do rochedo Bock, podiam ser abrigados 50 canhões, tendo também câmaras para cavalos, oficinas, cozinhas e matadouros. Um formigueiro gigante! Deveriam fazer um Lego ou um Playmobil das Casamatas do Bock! Fica a dica.
Eu entrei nas cavernas mas, estando sozinha, confesso que me deu certo receio de me perder lá dentro. Primeiro porque tem pouca luz e os caminhos são estreitos e tortuosos. Segundo que eu sou uma negação quando o assunto é ficar pulando de pedra em pedra, subindo e descendo e se confrontando com desníveis. Eu tenho sérios problemas com desníveis. Não tenho medo de altura. Mas me coloquem de frente para um desnível a poucos metros do chão que eu fico louca.

Um bom esconderijo sem dúvida. Ainda de dentro das casamatas.
O caso é que eu estava seguindo uma família dentro das cavernas mas eles foram mais rápidos que eu e sumiram. Então, depois de estar sozinha dentro de um buraco sem luz e de ter escorregado em um dos degraus, eu recuperei a calma, respirei fundo e peguei o caminho da roça. Quando encontrei outro grupo de pessoas, perguntei onde era a saída e fui embora.
Ah, eu escorreguei 5 cm, mas para mim, foi uma grande adrenalina. Foi a emoção do dia! Recomendo muito a atração para os corajosos. Ou melhor, para as pessoas normais.

Igreja de Notre Dame de Luxemburgo, tulipas e eu.

Charme medieval e, na foto ao lado, um edifício histórico (outra época) que contém uma academia com piscina.

Lindo jardim de flores de bulbo amarelas!

Selfie no Parque Ed Klein.
Para quem quer fazer uma viagem de trem pela Europa:
Sobre turismo em Luxemburgo:
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