O lado mente sã em corpo são de Olímpia

Eu no sítio arqueológico de Olímpia. Vêem-se ruínas atrás.

Tão bom fazer 15 anos na Grécia! Não, eu tinha 33 já. Nas ruínas do Templo de Zeus.

Tive a satisfação de, em 2013, ter feito uma excursão bastante completa à Grécia. Toda vez que eu me pergunto de qual das cidades gostei mais, eu me respondo “Delfos. Não, Olímpia. Não, Atenas. Não, a mítica Epidauro.” E fico nessa ciranda de cidades gregas sem chegar a conclusão alguma. Na verdade, chego à conclusão de que foi uma excelente escolha realizar esse incrível passeio por todas elas.

Como estamos em um ano de Olimpíadas (post escrito em janeiro de 2016), me veio à cabeça a cidade grega de Olímpia. Se não me engano, a visitei no segundo dia da excursão ao Peloponeso. Tínhamos saído, no dia anterior, de Atenas e conhecido o Canal de Corinto e o sítio arqueológico de Epidauro. No final do primeiro dia de excursão, chegamos à Olímpia, onde tínhamos o hotel. Lá dormimos para, no dia seguinte de manhã cedo, partir para a visita ao sítio arqueológico dali.

Recomendo fortemente fazer excursões com o guia que eu tive. O nome dele é Lefteris. Ele trabalha para agências gregas que fazem parcerias com agências em outros países. No meu caso, com uma agência espanhola, a Grecia Vacaciones. Mas, sinceramente, não sei como vocês poderiam encontrá-lo fora dessa agência. Em todo caso, fica a dica. Lefteris é o nome! E é o cara!

O guia explicando sobre Olímpia. Vêem-se colunas das ruínas.

O fantástico guia dando-nos banhos de Cultura nas ruínas do Ginásio e da Palestra.

Acordamos bem cedinho, tomamos café-da-manhã bem reforçado e, por volta das 8h30, estávamos saindo. Leftheris nos contou que passaríamos três horas dentro do sítio arqueológico de Olímpia. Confesso que me assustei um pouco. Nossa! Três horas! Dito assim, parecia muita coisa. Mas incrivelmente o tempo não se sentiu.

Philippeion, um templo em Olímpia. Agora, ruínas.

Ruínas do Filipeión, edifício construído em 338 aC.

Os motivos de ir tão cedo à visita eram dois. Primeiro que era agosto e verão máximo no hemisfério norte. O calor naqueles dias era realmente agoniante se a pessoa tivesse que estar caminhando por sítios arqueológicos que, normalmente, não têm sombra e são, além disso, bastante áridos. Portanto, ir cedo significava caminhar sob um sol menos agressivo.

O segundo motivo era que, sendo agosto, ou seja, mês de férias, a procura por lugares turísticos era grande e, quanto mais cedo começássemos a visita, mais cedo a terminaríamos, evitando assim horários de pico de visitação. Desta forma, Lefteris nos garantia maior espaço e tranquilidade para sentarmos e ouvirmos o que ele tinha a dizer.

Como muita gente deve saber, os Jogos Olímpicos têm origem ali, onde se situava o Templo de Zeus, o homenageado nessa celebração. O registro mais antigo de Jogos Olímpicos de que se tem conhecimento é de 776 aC. E o nome Olímpia vem do Monte Olimpo, o ponto mais alto da Grécia e lugar de morada de muitos deuses segundo a mitologia.

Vale saber também que, os jogos realizados em Olímpia vieram dos Jogos Pan-Helênicos que incluíam também os Jogos em Delfos, os Jogos em Corinto e os Jogos em Nemeia. Ou seja, cada cidade que acabo de citar tinha seu espaço de jogos, por assim dizer. Esses espaços eram constituídos de áreas sagradas e não sagradas. As sagradas eram os templos, altares e tesouros. E as não sagradas continham ginásios, palestras, hipódromos e estádios.

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As ruínas da Palestra de Olímpia.

Quando se pensa em Olímpia, pensa-se em culto ao corpo, saúde e exercícios físicos. E a associação está correta. No entanto, está incompleta. Sim, porque entrava em jogo também a saúde mental e o enriquecimento intelectual. Aliás, para os gregos da época, a mente e o corpo deveriam estar em perfeita comunhão. Interessante notar que, para eles, um corpo bem estruturado, vigoroso e belo era sinal de uma mente saudável, instruída.

Ruínas do Templo de Hera.

Templo de Hera em ruínas.

E eu fico a pensar: preconceito? Quero dizer, o que têm a ver alhos com bugalhos? Um corpo bonito e sarado é sinal de que a pessoa é bem instruída?! Para aquela época e para aquele contexto, sim, faz sentido. Afinal, como mencionei anteriormente, além dos ginásios, as cidades tinham palestras.

O ginásio era local da prática de exercícios físicos e treinamento militar e para as competições. Ali a pessoa chegava e despia-se completamente. Com “pessoa” quero dizer “homem”. Mulheres não estavam autorizadas a frequentar os recintos. Tem-se registro de, séculos depois, haver competições em Olímpia só para mulheres. Mas, originalmente, não era permitido.

Os homens besuntavam-se de uma mistura de azeite de oliva e areia que servia como proteção do sol e do calor, realizavam uma série de exercícios e, no final, limpavam-se com água. Eu não sabia, mas a etimologia da palavra ginásio faz referência à nudez. Ao pé da letra, ginásio quer dizer “local onde se exercita nu”.

Panorâmica de uma parte do sítio arqueológico. Árvores e uma concentração de colunas.

Imaginem este lugar milênios atrás!

E a palestra era um lugar onde, além da prática de lutas corporais, se aprendia gramática, aritmética, música. E se discutia sobre filosofia e literatura.

Visto assim, é possível entender a relação entre um corpo bem trabalhado e belo e um intelecto desenvolvido. No mesmo lugar, os frequentadores bebiam das duas fontes. Acho até que, para eles, não eram duas fontes mas, sim, duas faces da mesma coisa.

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O Ginásio de Olímpia.

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Mais ruínas. Não me lembro que parte é esta, infelizmente.

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Gregos modernos trabalhando para descobrir, preservar e divulgar a História.

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Sobre o Sítio Arqueológico de Olímpia:

. Site Oficial

. Site da UNESCO

Sobre a agência em Madri:

. Grecia Vacaciones

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:: o lado PRÁTICO da VIAGEM À GRÉCIA ::

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